quinta-feira, 17 de maio de 2012

História da Acupuntura

 A Acupuntura é uma técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa. Sua origem se confunde com a história da medicina na China. Suas origens não estão delimitadas com precisão pelos estudiosos e seus conteúdos passaram por transformações profundas desde sua origem.  Embora faltem dados arqueológicos, presume-se que sua origem remonte a uns cinco mil anos e que seu berço tenha sido a China.
    Não se sabe quando começou a utilização das agulhas nos pontos de Acupuntura, existindo diversas lendas que falam a respeito deste início, do princípio desta metodologia de tratamento, entretanto nada é comprovado.
    O que se sabe é que na antiguidade, mais especificamente na Pré-História, eram utilizadas agulhas, feitas de espinha, lascas de pedras ou de bambu, para tratar diversos tipos de sintomatologias, as chamadas “Pedras Bian”, durante a Idade da Pedra (cerca de 3000 anos a.C.). Estas agulhas eram inseridas no organismo, em pontos específicos, sendo que as mesmas promoviam um reequilíbrio geral do organismo. Algumas dessas pedras foram encontradas em ruínas chinesas, datadas entre 10000 e 4000 a.C. Em achados datados da Dinastia Shang , cerca de 1000 a.C., já haviam agulhas de bronze.
    A medicina chinesa começou seu desenvolvimento documentado na era da Dinastia "Zhou", de 1027 a.C. a 221 a.C. Naquele período, a medicina chinesa tornou-se uma medicina mais evoluída, com embasamento filosófico, porém mantendo certos conceitos da medicina antiga, o que é uma característica oriental, onde o conhecimento antigo não é desprezado, sendo armazenado para referência, diferente da construção substitutiva da medicina Ocidental.
    Durante o período chamado de "Média Era Zhou", de 772 a.C. a 480 a.C., o confucionismo estabeleceu-se como um dos três pilares filosóficos da medicina chinesa (Confucionismo, Taoísmo e Budismo). Durante a "Era Zhou Tardia" de 480 a.C. a 221 a.C., surgiu na China o Taoísmo.
    Entre o primeiro e segundo séculos antes de Cristo foram redigidos três livros importantes da Medicina Chinesa: O Ma Wang Hui, o Nan jing (Clássico das Dificuldades) e o Huang Di Nei Jing, ou Clássico do Imperador Amarelo sobre Medicina Interna. Estes livros são como uma compilação do conhecimento médico então existente.
    O Huang Di Nei Jing é um texto clássico e fundamental da MTC, que descreve aspectos anatômicos, fisiológicos, patológicos, diagnósticos e terapêuticos das moléstias à luz da medicina oriental, sendo dividido em dois livros. O primeiro é o Su Wen, Questões Fundamentais, que discorre sobre a teoria médica da época. O segundo, Ling Shu, ou Eixo Espiritual, é um manual de Acupuntura.
    Os dois livros tratam da aplicação dos conceitos de Ying e Yang na medicina, da teoria dos cinco elementos (ou cinco movimentos), descrevem a teoria dos meridianos, tratam do conceito do Qi e atribuem definitivamente aos sintomas causas orgânicas ao invés de causas sobrenaturais.
Durante a Dinastia Han, a fisiologia foi compreendida como a inter-relação entre os sistemas orgânicos.
    Entre 220 e 589 foi redigido o livro Zhen Jiu Jia Yi Jing, um texto clássico da Acupuntura e Moxibustão que detalha os meridianos, os pontos e as técnicas de tratamento por Acupuntura e Moxibustão. Também deste período é a expansão da Acupuntura para o Japão, Coréia e Vietnam. Na curta Dinastia Sui, de 590 a 617, o médico Sun Si Miao combinou as teorias taoístas e budistas com a correspondência sistemática entre os sinais, sintomas e as doenças. Também descreveu vários pontos de Acupuntura localizados fora dos meridianos tradicionais, chamados de "Pontos Extras".
    A dinastia Tang (618 a 906) Os pilares filosóficos (Confucionismo, Taoísmo e Budismo) e o contato com outras culturas fizeram a China crescer intelectualmente. Nos outros países do oriente, a Acupuntura ganhou terreno e foi bem estudada. Em 702, é fundada a primeira escola médica imperial, em Nara, Japão, onde se ensinou a Acupuntura. Entretanto, o desenvolvimento da Acupuntura, na China no período Tang, foi modesto.
    A dinastia Song (960 a 1264) foi um período chamado de Neo-confucionismo. O conceito de Qi tornou-se outra vez popular e os princípios básicos da Medicina Chinesa ficaram bem estabelecidos em todas as áreas, Acupuntura e Moxibustão, Farmacoterapia, Nutrologia, etc.
    Em 1341, o médico "Hua Shuo" publicou Shi Si Jing Fa Hui. Este texto descreveu 303 pontos dos chamados 12 meridianos regulares e 51 pontos em dois meridianos extraordinários, totalizando 657 dos 670 pontos clássicos de Acupuntura.
    A dinastia Ming, de 1368 a 1644, foi o período de consolidação do conhecimento médico chinês e, consequentemente, da Acupuntura.
    A chegada da Acupuntura no ocidente aconteceu nos meados do século XVII. Esta disciplina da MTC chegou ao ocidente pela Europa com monges jesuítas que voltaram da missão científica de Beijing, e foram publicadas na França nos anos de 1671 e 1682.
    Porém os monges jesuítas traduziram o termo, que em língua portuguesa significa "Punção com agulhas", perpetuando um erro de tradução. Em Chinês, "Zhen Jiu" significa, literalmente, "Agulha e Moxa". Moxa é bastão de artemísia, enrolado como um charuto, usado para aquecer o ponto de acupuntura.
    Durante algum tempo, entre os séculos XVII, XVIII e XIV, algumas pessoas estudaram e tentaram ensinar Acupuntura na Europa, entretanto com pouco sucesso. Foi o cônsul francês na China, Soulié de Morant, que introduziu definitivamente a Acupuntura no ocidente. Este homem aprendeu Acupuntura diretamente com médicos chineses, pois falava e escrevia com perfeição a língua chinesa. O primeiro encontro que Soulié de Morant teve com a Acupuntura foi em 1901.
    Pesquisas médico-científicas foram publicadas também no início do século XX. Entre 1939 e 1941 foi publicado na França o livro L'acupuncture chinoise, do diplomata e cônsul francês na China Soulié de Morant (1878-1955) que se interessou por essa técnica ao ver sua aplicação e efeitos durante a epidemia de cólera em Beijing. Seu livro “A acupuntura chinesa”, teve como referências antigos textos chineses como Zhēnjiǔ Dacheng (针灸 大成), possui várias traduções e reedições e ainda hoje é considerado uma obra clássica sobre a acupuntura.
    A partir deste momento a Acupuntura começou a espalhar-se pela Europa. Da França para a Alemanha e depois para a Itália, Suíça, Inglaterra, Romênia, Tchecoslováquia e Rússia. O primeiro país da América que conheceu a Acupuntura foi a Argentina. Entretanto foi nos Estados Unidos da América que a Acupuntura ganhou espaço e reconhecimento nas Américas.
     Ocorreu um grande interesse na acupuntura após a visita do presidente Nixon à China, em 1971. Nesta ocasião, um membro da equipe de jornalistas do presidente, o repórter James Reston, do New York Times, teve apendicite. Ele recebeu um tratamento com acupuntura para aliviar a dor pós-operatória e escreveu um relato detalhado de suas experiências. 
    Médicos norte-americanos visitaram anos depois a China para compreender melhor esta técnica de tratamento, assistindo cirurgias realizadas somente com o uso de agulhas de Acupuntura como anestésico. Despertou-se então o interesse do público e da comunidade científica pela Acupuntura.

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