quarta-feira, 17 de abril de 2013

Hospital Albert Einstein Adota Terapia Complementar para Ajudar a Tratar Pacientes com Câncer



Reiki, ioga e acupuntura. Essas técnicas já estão sendo utilizadas, em conjunto com as tradicionais quimioterapia e radioterapia, no tratamento contra o câncer. As técnicas milenares, que comprovadamente trazem bem-estar a seus praticantes, agora são estudadas para verificar quais benefícios podem oferecer aos pacientes que lutam contra o câncer.
Técnicas já são adotadas em hospitais de referência em oncologia nos EUA e podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

O Hospital Israelita Albert Einstein incluiu práticas como meditação, ioga, acupuntura e reiki no tratamento do câncer. O modelo, chamado de medicina integrativa, é semelhante aos adotados em instituições de referência internacional em oncologia, como o M.D. Anderson e o Memorial Sloan-Kettering Center, nos EUA.

A inclusão dessas técnicas, até bem pouco tempo desacreditadas na área médica, tem sido motivada pela grande demanda de pacientes que procuram por tratamentos complementares quando têm um diagnóstico de câncer. Além disso, atualmente, há vários estudos controlados demonstrando a eficácia e a segurança delas.

No último congresso mundial de câncer, no início do mês, em Chicago (EUA), estudos demonstraram que a acupuntura, por exemplo, pode reduzir as náuseas da quimioterapia e aliviar a xerostomia (boca seca), provocada pela radioterapia na região da cabeça e pescoço.

No Einstein, as práticas são oferecidas a pacientes que acabaram de receber o diagnóstico de câncer, que estão em tratamento ou que já terminaram. O cirurgião Paulo de Tarso Lima, responsável pela área de medicina integrativa, diz que as técnicas são adotadas mediante evidências científicas de que funcionam e de que não prejudicarão a terapia convencional.

Lima estima que 70% dos pacientes não contam aos médicos que adotam práticas complementares (no passado chamadas de alternativas) ao tratamento convencional, seja por não serem questionados a respeito ou por temor de que os médicos desaprovem a técnica.

As técnicas complementares são as mais diversas, mas é preciso cuidado para não confundi-las com as terapias alternativas que, diferentemente das complementares, são entendidas pela medicina como práticas que excluem o tratamento convencional, o que pode trazer sérios riscos à saúde.

As terapias complementares, como acupuntura, reiki e ioga agem de forma integrada aos demais medicamentos e procedimentos, com os objetivos de:

Reduzir sintomas e efeitos colaterais da quimioterapia e da radioterapia;
Aumentar a sensação de bem-estar;
Melhorar a qualidade de vida;
Diminuir o medo, o estresse, a depressão e a ansiedade;
Promover melhor resposta do organismo ao tratamento.

Muitas das técnicas complementares são úteis para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e suas respostas aos tratamentos clínicos. "O objetivo é que eles ajudem e não atrapalhem a recuperação", diz Lima.
A ioga, por exemplo, ajuda a diminuir a ansiedade, o medo e os pensamentos negativos, explica o psiquiatra Rodrigo Yacubian Fernandes, que aplica os princípios da kundalini yoga entre os pacientes oncológicos. A prática também vem sendo usada como tratamento coadjuvante de distúrbios psiquiátricos e psicológicos.
A empresária Maria do Rosário, 50, luta há três anos contra o câncer. Já retirou parte do intestino, os dois ovários e, agora, faz quimioterapia a cada 15 dias para combater um tumor no pulmão. Por conta dos efeitos colaterais do tratamento, ela também sofre de uma neuropatia que a levou à perda da sensibilidade nas mãos e nos pés.

Para manter o equilíbrio e controlar a ansiedade, ela faz reiki, acupuntura e meditação. O reiki é uma técnica que usa a imposição de mãos para transmissão de energia vital, segundo os adeptos. "Essas práticas me relaxam, especialmente quando tenho que passar horas fazendo exames".

Ela conta que ao descobrir o câncer "ficou de mal com Deus". "Entrei numa depressão incontrolável. Hoje, conto primeiro com Deus, porque tenho muita fé, e depois com todas essas pessoas, tratamentos e práticas que me ajudam a dar uma sobrevida melhor", diz Maria.

Além dos aspectos emocionais, a empresária notou melhoras físicas. "Antes, fazia quimio e era um dia no pronto-socorro e o outro também. Era uma loucura. Há quase um ano que eu não preciso mais ir ao pronto-socorro por conta dos efeitos do tratamento".

Revisão e edição por Carlos Cares
Terapeuta holístico
@carloscares_
www.terapia-reiki.com
Fonte: http://www.einstein.br/

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Acupuntura Antes e Depois do Parto


A gravidez promove um turbilhão de alterações hormonais no organismo feminino que impactam em mudanças físicas e emocionais praticamente diárias. Por mais maravilhoso que seja gerar uma nova vida, o corpo da mulher é extremamente exigido nesse período e padece de alguns males inevitáveis que podem ser tratados com a milenar técnica da acupuntura.

Uma gravidez bem-sucedida também depende de um organismo preparado fisicamente e emocionalmente para receber a gestação. Por isso, Dra Leila Ogata Ogusco, médica do Kyron SPA, indica acupuntura às mulheres que estão se preparando para engravidar. “A acupuntura ajuda a tonificar os órgãos, ativar as energias e equilibrar o organismo como um todo. Saudável e fortalecida, a mulher tende a ter uma gestação mais tranqüila, sofre menos desgaste e gera um bebê também saudável”, afirma.

Uma vez já grávida, a mulher pode contar com a acupuntura para aliviar diversos males típicos do período, tais como náuseas, dores lombares, inchaço e edemas, dores nas pernas, indisposição, alterações no sono e ansiedade. Os benefícios podem ser observados, muitas vezes, a partir das primeiras aplicações.

No caso do enjôo, a técnica é uma alternativa para mulheres que preferem evitar medicações alopáticas e também para aquelas que não respondem bem aos remédios. “Há mulheres que sofrem de náuseas durante toda a gravidez e não apenas nos primeiros meses. A acupuntura ajuda bastante a combater o problema e, em alguns casos, a melhora pode ser notada desde as primeiras sessões”, explica Dra Leila.

As dores na coluna e nas pernas costumam acompanhar a gestante a partir do quinto ou sexto mês, quando o peso do bebê é bastante significativo, alterando a postura e o eixo de equilíbrio. O uso das agulhas nesses casos estimula pontos que ajudam a relaxar a musculatura na região e aliviar a sensação de peso, diminuindo ou até eliminando as dores. Já os inchaços podem ser amenizados graças à capacidade da acupuntura de estimular a circulação sanguínea, que fica mais lenta durante a gravidez.

Segundo a medicina chinesa, muitas vezes são as emoções as grandes responsáveis pelos sintomas físicos. Por isso, a acupuntura é extremamente benéfica para tratar fatores emocionais como ansiedade e estresse, que são comuns nas grávidas e podem trazer conseqüências como indisposição, insônia, alterações no metabolismo, na pressão arterial e até mesmo depressão. “Acalmar a mente é a principal função da acupuntura para as gestantes”, sintetiza Dra Leila.

Eletroacupuntura no pós-parto

E para quem pensa que as vantagens da acupuntura terminam com o parto, vale destacar que a técnica mantém-se como forte aliada da mulher na hora de recuperar a forma física e reequilibrar as funções do organismo após a maratona da gestação. Para potencializar resultados, inclusive, Dra Leila sugere lançar mão da eletroacupuntura, em que eletrodos são presos às agulhas e emitem estímulos elétricos semelhantes a choquinhos no corpo.

A vantagem da eletroacupuntura para a estética é que o metal da agulha é um bom condutor de corrente elétrica, o que potencializa bastante o estímulo desejado. A regularidade e a intensidade desse estímulo pode ser regulada no equipamento, de modo que é possível personalizar o tratamento de acordo com as necessidades de cada uma. Os disparos nos locais adequados geram movimentos de contração e relaxamento, que vão ativar a circulação sanguínea e a oxigenação celular e estimular a produção de fibroblastos, que produzem fibras de colágeno no tecido conjuntivo.

“Por isso, a técnica é excelente ferramenta para tratar estrias, flacidez e até os famigerados quelóides em cicatrizes de cesarianas. Além disso, o estímulo em alguns pontos promovem o efeito lipólise – de quebra de gordura –, e ativam o sistema linfático a drenar a gordura localizada que acomete as mulheres após o nascimento do bebê. Faz-se também a tonificação em locais como a parte interna da coxa, nádegas, barriga e braços” , afirma a médica.

Fonte:http://bemleve.bolsademulher.com/mostra_artigo_rewrite.php?id_artigo=1105&secao=qualidade-de-vida

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O FUTURO DA MEDICINA


Texto de introdução do livro “A Solução Interior: descubra o potencial de cura que há em você” de Thierry Janssen. Recomendo a todos a leitura, especialmente aos profissionais da área da saúde.



O COMEÇO DE UMA REVOLUÇÃO MÉDICA

Quando eu trabalhava em hospital, o futuro da medicina parecia-me essencialmente ligado aos avanços da genética, das neurociências e da robótica cirúrgica. [...] Sobrecarregado de trabalho, como a maioria de meus colegas, eu vivia num universo fechado, e estava longe de imaginar que, lá fora, muitos pacientes procuravam terapeutas cujas práticas não eram ensinadas na universidade. O que eles encontravam junto a esses terapeutas “alternativos” ou “complementares” nada tinha a ver com a tecnologia sofisticada da medicina moderna. Tratava-se, antes, de uma certa qualidade de conto humano, de uma escuta diferente, de bom senso e, sobretudo, do despertar de um potencial de cura que está adormecido em cada um de nós.
[...]Só depois de deixar o cargo de cirurgião na Universidade de Bruxelas descobri a importância do fenômeno. Foi um pouco inesperado, já que, no início, minha motivação não era pesquisar outras formas de tratamento, e sim entender a natureza das relações entre o corpo e o espírito. Nesse contexto, fui levado a estudar as medicinas indiana e chinesa, a fazer contato com quiropráticos e osteopatas, a experimentar a massagem e o shiatsu, a praticar meditação, o ioga e o qigong, a me formar em diferentes terapias psicocorporais, e também na hipnose, e até (iniciativa das mais desconcertantes para um cirurgião) a me iniciar em certas práticas xamânicas com curadores tradicionais. Essas experiências revelaram-se apaixonantes, contribuindo para esclarecer minha compreensão dos processos da doença e da cura. Mas, por estar condicionado por minha educação científica, eu estava convencido de que os universos terapêuticos que eu acabara de explorar continuariam sendo paralelos ao nosso, e jamais seriam integrados à medicina convencional.
Mas mudei de opinião. Afinal, várias estadas nos Estados Unidos permitiram-me constatar que, em reação a mudança de hábitos da população, o pragmatismo da sociedade americana vem criando uma série de condições que podem, com o tempo, transformar profundamente o cenário médico.[...]

UMA FILOSOFIA DIFERENTE

          Esse interesse por outras formas de tratamento médico parece perfeitamente justificado quando sabemos que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% dos sistemas de tratamento no mundo envolvem medicinas tradicionais.
             Na verdade, a maioria das terapias alternativas e complementares deriva diretamente das medicinas tradicionais. Algumas são muito antigas. A OMS as define como “um conjunto de práticas nas quais os pacientes são considerados em sua globalidade, dentro de seu contexto ecológico. Essas terapias insistem no fato de que a doença ou o mau estado de saúde não é causado apenas por agente externo ou uma disposição patológica específica, sendo antes de tudo consequência do desequilíbrio de uma pessoa em relação a seu sistema ecológico.”
              Em outras palavras: as terapias alternativas e complementares levam em conta diferentes dimensões do ser humano – física (o corpo e o movimento), emocional (as sensações e os sentimentos), intelectual (o cérebro e suas capacidades cognitivas) e espiritual (a compreensão de si mesmo, do mundo e dos aspectos transcendentes da vida) -, em estreita relação com o ambiente. De seu ponto de vista, a boa saúde é definida como um estado de equilíbrio, uma relação harmoniosa entre o corpo, as emoções e os pensamentos de um indivíduo. Elas recomendam, assim, uma comunicação fluida entre esses três aspectos do ser humano e relações inteligentes entre o indivíduo, seus semelhantes e  o meio em que vive.
           A abordagem é ampla, global, holística. Muito diferente daquela a que se habituaram as mentalidades ocidentais. E não por acaso: no Ocidente, desde Aristóteles, o mundo é considerado como um conjunto de elementos individuais, separados e isolados. E, desde René Descartes, só se pode estudar o que é visível, perceptível, físico e material, ficando o imaterial entregue apenas às religiões. Operando essa dicotomia, Descartes e, depois dele, filósofos do Iluminismo favoreceram o surgimento de uma visão fracionada do ser humano. De um lado, há o corpo; de outro, o espírito. Reduzido à sua dimensão material, o corpo é descrito como uma mecânica precisa, lógica e sequencial. Seus elementos constituintes são objetivados, classificados e analisados nos mais ínfimos detalhes. Submetidos a natureza e o universo inteiro à mesma lógica, certesianismo, reducionismo e materialismo encontram-se na origem das maiores descobertas da ciência ocidental.
          Em medicina, o reducionismo permitiu enormes progressos. Simultaneamente, está na origem de uma crise significativa. Pois o fato é que, de tanto considerar o corpo como objeto, a  ciência médica esquece que o ser humano também é feito de pensamentos, crenças, sentimentos e emoções. Por isso, muitos doentes se queixam de estar sendo reduzidos ao conjunto dos resultados das análises de exames e queixas, sem que possam expressar suas sensações e intuições. E por causa da desumana e às vezes brutal medicina tecnológica, voltam-se para medicinas mais “suaves”. Enquanto isso, os médicos, focados apenas no materialismo, tendem a privilegiar somente os detalhes. Julgam poder tratar um problema específico agindo sobre algo que está anormal, mas, com isto, negligenciam as repercussões de seu tratamento no resto do organismo e ignoram as consequências de sua ação no ambiente. Esta falta de visão de conjunto acarreta muitas vezes uma enorme quantidade de exames desnecessários e tratamentos dispensáveis. Com isto, uma próspera indústria farmacêutica se desenvolve e os custos da saúde aumentam além de qualquer previsão. Já podemos nos perguntar por quanto tempo os sistemas de seguridade social e planos de saúde privados terão condições de continuar arcando com tais despesas.
              As abordagens alternativas e complementares constituem talvez soluções capazes de conter essa escalada do consumo de tratamentos. Com efeito, privilegiando uma visão global do ser humano, essas práticas insistem no potencial interno de cada indivíduo, estimulam a preservar o frágil equilíbrio entre o corpo e o espírito e tentam mobilizar as capacidades de autocura do organismo. Sua preocupação em prevenir a doença em vez de curá-la representa sem dúvida uma atitude mais inteligente, mais responsável, menos custosa e menos poluente, em perfeita concordância com uma consciência ecológica que respeite o ser humano e o planeta.
                  Para Andrew Weil, pioneiro nesse terreno e criador de um programa de formação em medicinas alternativas e complementares na Universidade do Arizona, “a medicina alopática é necessária para tratar 10 a 20% dos problemas de saúde. Quanto aos 80 a 90% restantes, não havendo urgência ou necessidade de tomar medidas de ação rápida, dispomos de tempo para experimentar outros métodos, tratamentos frequentemente menos caros, menos perigosos e, no fim das contas, mais eficazes, pois agem de acordo com os mecanismos de cura do corpo em vez de enfraquecê-los”.
             O discurso que opunha a medicina convencional às terapias alternativas, portanto, já não faz sentido. Trata-se, isto sim, de avaliar a eficácia e o lugar de cada abordagem no contexto de uma “medicina integrada”. É nesse espírito que a OMS recomendou recentemente mais colaboração entre médicos convencionais e os profissionais de saúde alternativos e complementares, pois está surgindo um consenso mundial: é preciso estimular uma reforma do setor de saúde.

FALTA DE INFORMAÇÃO

           Meu percurso a meio caminho entre a medicina convencional e as terapias alternativas e complementares, assim como minhas pesquisas sobre a natureza das relações entre o corpo e o espírito, levaram-me a criar uma abordagem psicoterapêutica adaptada ao acompanhamento das doenças físicas. Em minhas consultas, tenho contato com muitos pacientes que, para complementar tratamentos da medicina científica, buscam a ajuda de profissionais alternativos. A maioria não ousa revelar isto a seu médico. Recorrem, geralmente, a explicações do tipo “Ele não vai entender”, “Ele vai dar de ombros e rir na minha cara” ou até “Ele pode se aborrecer!” [...] Certamente devemos lamentá-lo, pois, quatrocentos anos antes de nossa era, Hipócrates já insistia na importância de uma relação de confiança entre o médico e seu paciente, elemento essencial no processo de cura.
                O grande risco dessa falta de comunicação é deixar a porta aberta para toda uma série de charlatães. Conheci vários deles em minhas explorações pelo mundo das “medicinas paralelas”. Também cruzei com alguns de jaleco branco, nos corredores de grandes hospitais universitários. Pois os charlatães nem sempre enganam intencionalmente as pessoas. São às vezes profissionais de formação insuficiente ou mal informados. Alguns demonstram boa fé, mas também se mostram totalmente cegos por suas crenças e superstições. Por isso, há necessidade de convencer que certos terapeutas alternativos e certos médicos convencionais podem se tornar um verdadeiro risco para a saúde dos pacientes.
                 Às vezes, a falta de espírito de abertura de uns e outros os leva a negar ou mesmo a desacreditar certas abordagens sem se ter dado o trabalho de verificar sua eficácia ou entender seus mecanismos de ação. É pena, pois sua ignorância sustenta crenças que impedem a abertura de um debate objetivo que contribua para fazer evoluir a ciência e atender às necessidades dos pacientes. Entregues a si mesmos, os doentes buscam então informações em obras ou sites da internet cujas intenções comerciais e influências ideológicas nem sempre podem ser detectadas com facilidade. Parece urgente, portanto, que os profissionais da saúde se informem com seriedade, para poder orientar seus pacientes honestamente. A função do “doutor” assumiria, assim, toda a sua dimensão, já que o significado de docere, em latim é “ensinar”.

UMA NOVA CIÊNCIA

                [...] O crescente interesse da comunidade científica pelas medicinas não convencionais pode transformar nossa visão da natureza humana e influenciar nossa maneira de encarar a doença, a saúde e a ajuda terapêutica. Como prova, basta lembrar que, ao longo dos três últimos séculos, cada etapa do progresso científico contribuiu para a evolução do conceito de doença. Esta foi sucessivamente definida como disfunção orgânica, dano celular, desequilíbrio molecular e, mais recentemente, anomalia genética. Todavia, uma doença não se resume a isto. A doença é “algo” que causa sofrimento ao indivíduo. Sem meios de alcançar e tratar objetivamente as múltiplas dimensões da pessoa humana, a medicina reducionista é incapaz de quantificar ou estabelecer modelos para o sofrimento físico, emocional e intelectual dos doentes. Quanto mais ela se especializa e se interessa pelos detalhes, menos está em condições de compreender e aliviar o indivíduo globalmente. É ai que as práticas alternativas tem um papel a desempenhar.
                Trata-se, portanto, de traduzir os conceitos holísticos das medicinas alternativas e complementares nos termos da cultura científica moderna. Não é uma tarefa fácil. Para tanto, os métodos da ciência reducionista destinam-se a avaliar os efeitos de um tratamento preciso em manifestações patológicas bem definidas. Porém, no caso de muitos tratamentos alternativos e complementares, apresenta-se a necessidade de avaliar a eficácia de agentes complexos [...] no indivíduo em sua globalidade. Assim, o reducionismo analítico não parece adequado para estudar as terapias não convencionais. Com isto, vários especialistas sugerem que seja criada uma “ciência epimédica” capaz de estudar o efeito de agentes complexos no supersistema que é um ser humano, considerado em todas as suas dimensões.

COMPREENDER MELHOR O SER HUMANO

                [...] Para o naturopata e osteopata Leon Chaitow, responsável por um programa de ensino na Universidade de Westminster, em Londres, se quisermos criar clínicas de “medicina integrada” será necessário compreender e assimilar a linguagem dos outros, colocar o paciente no centro de todas as preocupações e deixar de lado os problemas de ego. O ego é humano. Logo, também é da esfera da medicina. Podemos encontra-lo tanto nos profissionais alternativos quanto nos médicos convencionais. O problema não é novo, pois, já no século XVII, Molière o denunciava em seu teatro, no qual muitas vezes o interesse do paciente é relegado em benefício do interesse da medicina e dos médicos.
                [...] Atualmente, certas instituições das culturas tradicionais são explicadas racionalmente por nossa cultura científica. Outras mantem-se totalmente estranhas ao pensamento médico ocidental. Isto não deveria constituir obstáculo para o estudo das medicinas alternativas e complementares. Ao contrário, a verdadeira atitude científica consiste em observar os fatos, tentar reproduzi-los e procurar entender seus mecanismos. [...]
                Às vezes, o desejo de explicar tudo em termos científicos leva a verdadeiros delírios. Nesses casos, mais vale admitir a validade de certas metáforas com o intuito de poder traduzi-las na linguagem da ciência moderna. Tanto mais que, na velocidade em que progride o conhecimento científico, cabe esperar que não leve muito mais tempo para que seja superado o abismo que separa as medicinas alternativas e complementares da medicina convencional. Já começamos a aceitar, por exemplo, a ideias de que o psiquismo age no corpo e, em contrapartida, o estado do corpo influencia os processos cognitivos e as vivências emocionais. Estudos de vanguarda indicam que o conceito oriental de energia é uma realidade fisiológica, bioquímica e eletrônica – um suporte da informação que organiza a matéria viva. Certos pesquisadores acreditam que os campos eletromagnéticos emitidos pelo corpo permitem uma comunicação sutil e invisível entre os indivíduos. Os laboratórios das grandes universidades se interessam pela influência do amor e das emoções positivas na boa saúde do corpo e do espírito. Fluidez e coerência estão no centro das investigações científicas. Novos modelos são inventados para descrever o humano.
                Por que ficamos doentes? O que desencadeia a cura? O ser humano inventou numerosas medicinas para aliviar suas tensões e dores. Como estabelecer vínculos e construir passarelas entre essas diferentes abordagens? Medicinas do espírito que agem sobre o corpo. Medicinas do corpo que agem sobre o espírito. Medicinas de energia que cuidam do corpo e do espírito. A compreensão dessas diversas práticas terapêuticas representa uma oportunidade única de situar novamente o ser humano enquanto pessoa física, emocional e intelectual no centro do debate científico. Esta é também uma oportunidade inesperada de inventar soluções mais adaptadas à evolução de nossas sociedades, defrontadas com a urgência de preservar o planeta em que vivemos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012


Acupuntura funciona mesmo

Estudos mapeiam seus efeitos no cérebro e revelam seu poder contra as dores e os transtornos emocionaispor Diogo Sponchiato
Se ainda havia algum ocidental desconfiado que, a exemplo de São Tomé, precisava ver para crer o resultado de uma porção de agulhas finíssimas sobre o corpo, ele provavelmente deixará suas suspeitas de lado ao saber o que andam desvendando neurocientistas ao redor do globo. Na Inglaterra, uma equipe da Universidade de York acaba de exibir, por meio de imagens de ressonância magnética, que uma espetada em um ponto da mão reduz a atividade de áreas do cérebro que regem a percepção da dor. Enquanto isso, nos Estados Unidos, um experimento com camundongos da Universidade de Rochester endossa o efeito analgésico da técnica oriental ao provar que ela estimula a liberação de uma molécula, a adenosina, responsável por aliviar o desconforto. São provas, vistas a olho nu ou sob a lente do microscópio, que permitem à ciência deste canto do mundo reconhecer o que os sábios chineses já apregoavam sobre o método que ganha milhões de pacientes no Brasil e no resto do Ocidente. 

"A acupuntura trabalha com estímulos em determinadas regiões do corpo que exercem um reflexo sobre outras", explica a médica acupunturista Angela Tabosa, chefe do Laboratório de Pesquisa Experimental em Acupuntura da Universidade Federal de São Paulo. "Essas respostas são, por sua vez, intermediadas pelo sistema nervoso", completa. É que as agulhas inseridas disparam impulsos que viajam pela rede nervosa até provocarem reações no cérebro. Esse mecanismo é imediato e, por interferir na massa cinzenta, surte efeitos mais duradouros. "A técnica tem uma ação sobre a musculatura, ajudando-a a relaxar, e incita, na medula, a produção de substâncias que inibem a passagem dos impulsos dolorosos", conta Dirceu de Lavôr Sales, presidente do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura. "No cérebro, ela induz a liberação de neurotransmissores com função analgésica e outros por trás da sensação de bem-estar." Dessa forma, alfinetam as dores, espetam, ou melhor, espantam o estresse e ganham papel de protagonista ou ator coadjuvante no desarme de uma lista de problemas. 

Para botar no papel todas as indicações da acupuntura, seria preciso preencher um extenso pergaminho da China antiga. As agulhas, é claro, não são uma panaceia, mas surpreendem até os olhos céticos. Em uma experiência com ratos que sofreram lesões na coluna vertebral da Universidade Kyung Hee, na Coreia do Sul, por exemplo, os animais que foram submetidos às espetadas se recuperaram e voltaram a andar mais cedo do que os bichos livres das picadas. A acupuntura coibiu inflamações e impediu, assim, a destruição progressiva de células nervosas da coluna. É esse poder anti-inflamatório, aliás, que garante à terapia lugar de destaque no combate a asma, dores crônicas… 

Outra virtude da técnica é equilibrar as emoções, debelar a ansiedade e o desânimo e reforçar o adeus aos vícios. "Ao modular a ação da dopamina, um neurotransmissor ligado ao prazer, o método ajuda a suprir a necessidade da droga", explica Angela Tabosa. Nesse sentido, até a obesidade entra na dança. "As agulhas auxiliam a reduzir a compulsão por comida", afirma a pediatra e acupunturista Márcia Yamamura, coordenadora do Centro de Estudo e Pesquisa da Medicina Chinesa, em São Paulo. 

As picadas prestam serviço a todas as idades e se revelam generosas às gestantes. Um trabalho da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, aponta que elas aliviam a depressão durante a gravidez. "É uma forma de estimular o organismo a fabricar neurotransmissores como a serotonina, em baixa no distúrbio", explica Dirceu Sales. "Na gestação, a acupuntura também minimiza as náuseas, a azia, a insônia e as dores nas costas", enumera o médico acupunturista João Bosco Guerreiro da Silva, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, no interior paulista. 

Mesmo quem não guarda no ventre uma criança ou está são e salvo de doenças pode tirar proveito das agulhas. "O ideal é que elas fossem usadas de modo preventivo, afastando um problema antes de ele se manifestar", opina Angela. Como abafam o estresse, também derrubam o risco de ficar de cama. A garantia de tanto benefício depende, vale frisar, de um terapeuta qualificado. "A acupuntura só é contraindicada quando o profissional não sabe usá-la ou desconhece recursos terapêuticos melhores para o paciente, permitindo, assim, a postergação de problemas que podem ser fatais", alerta Ruy Tanigawa, presidente da Associação Médica Brasileira de Acupuntura. Do contrário, está liberada para entrar em cena, isto é, na sua pele.

Aplicações
• alergia 
• asma 
• dor de cabeça 
• dor nas costas 
• doenças das articulações 
• hipertensão 
• fibromialgia 
• dores musculares 
• gastrite e refluxo 
• síndrome do intestino irritável 
• constipação 
• tensão pré-menstrual e menopausa 
• depressão e ansiedade 
• gravidez 
• sequelas de derrame 
• doenças da pele 
• obesidade 
• endometriose 
• insônia 
• distúrbios hormonais 
• efeitos colaterais da quimioterapia

Para todos os gostos
Conheça as principais variações do método. Os pontos utilizados são os mesmos, mas nem sempre há necessidade de agulhas
EletroacupunturaAs agulhas são conectadas a um aparelho que emite correntes elétricas. A ideia é que os estímulos mais intensos possam acelerar a resposta à terapia. A técnica é recomendada no tratamento de dores agudas. 

Raio laser
O aparelho é direcionado aos pontos onde seriam inseridas as agulhas. Os terapeutas costumam recorrer a esse método em crianças e no caso de pessoas que têm pavor das espetadas. 

Moxabustão
O estímulo é feito por meio do calor, obtido com a queima de uma planta, a artemísia. Pequenos bastões acesos são aproximados das regiões que tradicionalmente receberiam as picadas. 

Por sistemasSão as versões que priorizam partes do corpo para conseguir respostas sobre todo o organismo. Entre as mais famosas, estão a auriculopuntura, que usa pontos na orelha, e a craniopuntura, que se vale do couro cabeludo.


Acupuntura age na luta contra as dores causadas pela LER

Uso excessivo de computador e movimentos repetitivos causa tendinite



      A LERlesão por esforço repetitivo, conhecida também como tendinite, é um problema comum que atinge grande parte das pessoas que usam excessivamente o computador. A pesada rotina de trabalho e os esforços repetitivos faz com que tendões, articulações, nervos, músculos inflamem, causando dores e lesões. As áreas mais afetadas pela doença são os braços, mãos e ombros.
      Se diagnosticada no início, o tratamento da LER pode ser muito eficaz. Segundo a Dra. Aparecida Enomoto, especialista no assunto, a acupuntura é altamente recomendável no tratamento de dores e problemas musculares pois ela age diretamente nos pontos inflamados e doloridos. Muitos pacientes tem buscado o uso da acupuntura como tratamento de tendinite para fugir das fortes medicações tradicionais, que muitas vezes são ineficientes. O principal objetivo é agir contra as dores, que tanto incomodam os pacientes.
      O tratamento se dá na inserção de agulhas nos meridianos do corpo. Os pontos são escolhidos de acordo com o pulso do paciente. A sessão dura em torno de 30 minutos e recomenda-se uma sessão por semana durante três meses e após este período é feita a reavaliação para estabelecer em que periodicidade se fará o controle.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Acupuntura estimula memória e aprendizado



     Estudo experimental, realizado por alunos de medicina da Unifesp, confirma efeitos da técnica em ratos: os que receberam aplicações apresentaram melhor desempenho





     Cena que já foi comum na cozinha de Silma Heliana Ferreira, de 42 anos: dezenas de ímãs grudados na porta da geladeira, disputando espaço com outro tanto de bilhetes e recados. Nos últimos meses, porém, isso mudou. Ela começou a fazer sessões de acupuntura para evitar a ansiedade e o estresse. Como resultado, percebeu que a falta de memória diminuiu sensivelmente. Além disso, a papelada que ela precisava manter na geladeira sumiu.

     "Acho que minha memória melhorou por eu me sentir mais calma e relaxada", diz Silma, que também enfrentava dificuldades em seu trabalho de assistente administrativa. "Esquecia onde guardava as coisas e tinha que ler várias vezes um texto para compreendê-lo", lembra.

     O relato dela se aproxima ao de milhares de pessoas que recorrem à acupuntura e notam mudanças na memória e no aprendizado. Uma pesquisa experimental da Unifesp dá pistas para entender casos assim. O trabalho de Fernando Kawano e Márcio Makoto Nishida, alunos do quinto ano de medicina, mostra que ratos submetidos à aplicação de acupuntura nos pontos E-36 (Zusanli) e BP-6 (Sanyinjiao) tiveram a memória potencializada, mesmo depois de submetidos a estresse por choque e imobilização.

     "A acupuntura foi eficaz em avaliações realizadas logo após a experiência e até uma semana depois", comenta Angela Tabosa, professora do Setor de Medicina Chinesa da disciplina de Ortopedia e Traumatologia da universidade e orientadora da pesquisa. O estudo, que foi apresentado no 11º Congresso de Iniciação Científica da Unifesp, analisou os índices de fugas bem-sucedidas dos animais. Eles foram confinados num local fechado e passaram por um processo para aprender como fugir.

     Os pesquisadores separaram os ratos em dois grupos. O primeiro foi submetido a estresse na caixa de esquiva - compartimento composto por dois recintos distintos, no qual, em um deles, uma corrente elétrica de baixa intensidade era acionada em intervalos fixos. Os ratos do segundo grupo, considerado controle, não foram expostos aos estímulos elétricos. Eles permaneceram no mesmo compartimento por uma hora para se familiarizarem com o ambiente.

     A segunda parte do estudo envolveu o aprendizado da fuga. Todos os animais avaliados, inclusive os do grupo controle, foram colocados na caixa de esquiva. Eles ficaram num compartimento com uma porta de intercomunicação para possibilitar que fugissem do choque. A abertura da porta ocorria assim que uma luz fosse acesa, como uma espécie de alerta.

     Antes dessa fase, entretanto, os ratos do primeiro grupo foram divididos em quatro subgrupos, sendo que cada um deles recebeu choque; choque e imobilização; choque, imobilização e acupuntura; e choque, imobilização e acupuntura em pontos falsos, respectivamente. Todos os animais foram avaliados após os estímulos nocivos nos intervalos de uma hora, 48 horas e uma semana, para verificar a memorização do aprendizado.

     Os ratos que receberam acupuntura nos pontos relacionados à memória logo após os estímulos estressantes conseguiram fugir em 80% dos 30 testes realizados. Esse desempenho se aproxima ao do grupo controle, que teve 77% de fugas bem-sucedidas. Entre os que não receberam acupuntura após o estresse, o maior índice de sucesso foi de 62%.

     "A idéia agora é analisar os efeitos das agulhas na memória e no aprendizado de seres humanos", afirma Angela Tabosa, a orientadora do trabalho. Segundo ela, já está em andamento a criação de um protocolo de pesquisa, que será realizada na Unifesp com essa finalidade.


ANA CRISTINA COCOLO

quinta-feira, 14 de junho de 2012


AS EMOÇÕES SEGUNDO A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA


      Na Medicina Chinesa as emoções, como elementos causadores de doenças, são estímulos mentais que perturbam a Mente (SHEN residente no Coração), a Alma Etérea (Fígado) e a Alma Corpórea (Pulmão) alterando o equilíbrio entre os órgãos internos e a harmonia do Qi (energia) e do Sangue. Por isso, o stress emocional é nocivo para o organismo como um todo, pois prejudica os órgãos diretamente. Em contrapartida, o estado dos órgãos internos igualmente afeta o estado emocional do indivíduo. Existe uma interdependência contínua e dinâmica dos órgãos com a emoção (Yang) e da emoção com o funcionamento (Yin) dos órgãos.

      A primeira coisa a ser afetada pelo stress é a circulação e a direção apropriadas do Qi (energia) e cada emoção produz um efeito particular na circulação do Qi (energia). Segundo textos tradicionais chineses “a Raiva faz o Qi (energia) subir, a Alegria excessiva, Euforia retarda o Qi (energia), a Tristeza dissolve o Qi (energia), o Medo faz o Qi (energia) descer, o Choque por sua vez dispersa o Qi (energia) e o Pensamento forçado prende o Qi”.

      O efeito de cada emoção em um órgão específico não deve ser interpretado de forma muito restrita. O efeito de uma emoção também depende da característica constitucional do indivíduo. Se ele apresentar, por exemplo, uma fraqueza constitucional do Coração, o Medo, que vem relacionado à força de Vontade e corresponde ao Rim, irá neste caso indicar que foi o Coração o sistema afetado. Evidentemente teremos aí outros fatores que denunciarão esta deficiência. De qualquer forma o Coração será diretamente afetado, uma vez que ele abriga a Mente (Shen) e recebe toda carga emocional direta ou indiretamente. Os chineses levam em consideração vários fatores como estando envolvidos no processo de desequilíbrio e adoecimento, tais como má alimentação, fadiga, sedentarismo; mas, sobretudo, consideram as emoções negativas como fatores fundamentais para o desequilíbrio energético e físico. Consideram que a manutenção de emoções como o medo, raiva, tristeza, ódio, mágoa e outras são responsáveis pelo surgimento das mais diversas doenças, devendo estas então ser tratadas e superadas.
 
Fonte: Fabiana Colaço