quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O FUTURO DA MEDICINA


Texto de introdução do livro “A Solução Interior: descubra o potencial de cura que há em você” de Thierry Janssen. Recomendo a todos a leitura, especialmente aos profissionais da área da saúde.



O COMEÇO DE UMA REVOLUÇÃO MÉDICA

Quando eu trabalhava em hospital, o futuro da medicina parecia-me essencialmente ligado aos avanços da genética, das neurociências e da robótica cirúrgica. [...] Sobrecarregado de trabalho, como a maioria de meus colegas, eu vivia num universo fechado, e estava longe de imaginar que, lá fora, muitos pacientes procuravam terapeutas cujas práticas não eram ensinadas na universidade. O que eles encontravam junto a esses terapeutas “alternativos” ou “complementares” nada tinha a ver com a tecnologia sofisticada da medicina moderna. Tratava-se, antes, de uma certa qualidade de conto humano, de uma escuta diferente, de bom senso e, sobretudo, do despertar de um potencial de cura que está adormecido em cada um de nós.
[...]Só depois de deixar o cargo de cirurgião na Universidade de Bruxelas descobri a importância do fenômeno. Foi um pouco inesperado, já que, no início, minha motivação não era pesquisar outras formas de tratamento, e sim entender a natureza das relações entre o corpo e o espírito. Nesse contexto, fui levado a estudar as medicinas indiana e chinesa, a fazer contato com quiropráticos e osteopatas, a experimentar a massagem e o shiatsu, a praticar meditação, o ioga e o qigong, a me formar em diferentes terapias psicocorporais, e também na hipnose, e até (iniciativa das mais desconcertantes para um cirurgião) a me iniciar em certas práticas xamânicas com curadores tradicionais. Essas experiências revelaram-se apaixonantes, contribuindo para esclarecer minha compreensão dos processos da doença e da cura. Mas, por estar condicionado por minha educação científica, eu estava convencido de que os universos terapêuticos que eu acabara de explorar continuariam sendo paralelos ao nosso, e jamais seriam integrados à medicina convencional.
Mas mudei de opinião. Afinal, várias estadas nos Estados Unidos permitiram-me constatar que, em reação a mudança de hábitos da população, o pragmatismo da sociedade americana vem criando uma série de condições que podem, com o tempo, transformar profundamente o cenário médico.[...]

UMA FILOSOFIA DIFERENTE

          Esse interesse por outras formas de tratamento médico parece perfeitamente justificado quando sabemos que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% dos sistemas de tratamento no mundo envolvem medicinas tradicionais.
             Na verdade, a maioria das terapias alternativas e complementares deriva diretamente das medicinas tradicionais. Algumas são muito antigas. A OMS as define como “um conjunto de práticas nas quais os pacientes são considerados em sua globalidade, dentro de seu contexto ecológico. Essas terapias insistem no fato de que a doença ou o mau estado de saúde não é causado apenas por agente externo ou uma disposição patológica específica, sendo antes de tudo consequência do desequilíbrio de uma pessoa em relação a seu sistema ecológico.”
              Em outras palavras: as terapias alternativas e complementares levam em conta diferentes dimensões do ser humano – física (o corpo e o movimento), emocional (as sensações e os sentimentos), intelectual (o cérebro e suas capacidades cognitivas) e espiritual (a compreensão de si mesmo, do mundo e dos aspectos transcendentes da vida) -, em estreita relação com o ambiente. De seu ponto de vista, a boa saúde é definida como um estado de equilíbrio, uma relação harmoniosa entre o corpo, as emoções e os pensamentos de um indivíduo. Elas recomendam, assim, uma comunicação fluida entre esses três aspectos do ser humano e relações inteligentes entre o indivíduo, seus semelhantes e  o meio em que vive.
           A abordagem é ampla, global, holística. Muito diferente daquela a que se habituaram as mentalidades ocidentais. E não por acaso: no Ocidente, desde Aristóteles, o mundo é considerado como um conjunto de elementos individuais, separados e isolados. E, desde René Descartes, só se pode estudar o que é visível, perceptível, físico e material, ficando o imaterial entregue apenas às religiões. Operando essa dicotomia, Descartes e, depois dele, filósofos do Iluminismo favoreceram o surgimento de uma visão fracionada do ser humano. De um lado, há o corpo; de outro, o espírito. Reduzido à sua dimensão material, o corpo é descrito como uma mecânica precisa, lógica e sequencial. Seus elementos constituintes são objetivados, classificados e analisados nos mais ínfimos detalhes. Submetidos a natureza e o universo inteiro à mesma lógica, certesianismo, reducionismo e materialismo encontram-se na origem das maiores descobertas da ciência ocidental.
          Em medicina, o reducionismo permitiu enormes progressos. Simultaneamente, está na origem de uma crise significativa. Pois o fato é que, de tanto considerar o corpo como objeto, a  ciência médica esquece que o ser humano também é feito de pensamentos, crenças, sentimentos e emoções. Por isso, muitos doentes se queixam de estar sendo reduzidos ao conjunto dos resultados das análises de exames e queixas, sem que possam expressar suas sensações e intuições. E por causa da desumana e às vezes brutal medicina tecnológica, voltam-se para medicinas mais “suaves”. Enquanto isso, os médicos, focados apenas no materialismo, tendem a privilegiar somente os detalhes. Julgam poder tratar um problema específico agindo sobre algo que está anormal, mas, com isto, negligenciam as repercussões de seu tratamento no resto do organismo e ignoram as consequências de sua ação no ambiente. Esta falta de visão de conjunto acarreta muitas vezes uma enorme quantidade de exames desnecessários e tratamentos dispensáveis. Com isto, uma próspera indústria farmacêutica se desenvolve e os custos da saúde aumentam além de qualquer previsão. Já podemos nos perguntar por quanto tempo os sistemas de seguridade social e planos de saúde privados terão condições de continuar arcando com tais despesas.
              As abordagens alternativas e complementares constituem talvez soluções capazes de conter essa escalada do consumo de tratamentos. Com efeito, privilegiando uma visão global do ser humano, essas práticas insistem no potencial interno de cada indivíduo, estimulam a preservar o frágil equilíbrio entre o corpo e o espírito e tentam mobilizar as capacidades de autocura do organismo. Sua preocupação em prevenir a doença em vez de curá-la representa sem dúvida uma atitude mais inteligente, mais responsável, menos custosa e menos poluente, em perfeita concordância com uma consciência ecológica que respeite o ser humano e o planeta.
                  Para Andrew Weil, pioneiro nesse terreno e criador de um programa de formação em medicinas alternativas e complementares na Universidade do Arizona, “a medicina alopática é necessária para tratar 10 a 20% dos problemas de saúde. Quanto aos 80 a 90% restantes, não havendo urgência ou necessidade de tomar medidas de ação rápida, dispomos de tempo para experimentar outros métodos, tratamentos frequentemente menos caros, menos perigosos e, no fim das contas, mais eficazes, pois agem de acordo com os mecanismos de cura do corpo em vez de enfraquecê-los”.
             O discurso que opunha a medicina convencional às terapias alternativas, portanto, já não faz sentido. Trata-se, isto sim, de avaliar a eficácia e o lugar de cada abordagem no contexto de uma “medicina integrada”. É nesse espírito que a OMS recomendou recentemente mais colaboração entre médicos convencionais e os profissionais de saúde alternativos e complementares, pois está surgindo um consenso mundial: é preciso estimular uma reforma do setor de saúde.

FALTA DE INFORMAÇÃO

           Meu percurso a meio caminho entre a medicina convencional e as terapias alternativas e complementares, assim como minhas pesquisas sobre a natureza das relações entre o corpo e o espírito, levaram-me a criar uma abordagem psicoterapêutica adaptada ao acompanhamento das doenças físicas. Em minhas consultas, tenho contato com muitos pacientes que, para complementar tratamentos da medicina científica, buscam a ajuda de profissionais alternativos. A maioria não ousa revelar isto a seu médico. Recorrem, geralmente, a explicações do tipo “Ele não vai entender”, “Ele vai dar de ombros e rir na minha cara” ou até “Ele pode se aborrecer!” [...] Certamente devemos lamentá-lo, pois, quatrocentos anos antes de nossa era, Hipócrates já insistia na importância de uma relação de confiança entre o médico e seu paciente, elemento essencial no processo de cura.
                O grande risco dessa falta de comunicação é deixar a porta aberta para toda uma série de charlatães. Conheci vários deles em minhas explorações pelo mundo das “medicinas paralelas”. Também cruzei com alguns de jaleco branco, nos corredores de grandes hospitais universitários. Pois os charlatães nem sempre enganam intencionalmente as pessoas. São às vezes profissionais de formação insuficiente ou mal informados. Alguns demonstram boa fé, mas também se mostram totalmente cegos por suas crenças e superstições. Por isso, há necessidade de convencer que certos terapeutas alternativos e certos médicos convencionais podem se tornar um verdadeiro risco para a saúde dos pacientes.
                 Às vezes, a falta de espírito de abertura de uns e outros os leva a negar ou mesmo a desacreditar certas abordagens sem se ter dado o trabalho de verificar sua eficácia ou entender seus mecanismos de ação. É pena, pois sua ignorância sustenta crenças que impedem a abertura de um debate objetivo que contribua para fazer evoluir a ciência e atender às necessidades dos pacientes. Entregues a si mesmos, os doentes buscam então informações em obras ou sites da internet cujas intenções comerciais e influências ideológicas nem sempre podem ser detectadas com facilidade. Parece urgente, portanto, que os profissionais da saúde se informem com seriedade, para poder orientar seus pacientes honestamente. A função do “doutor” assumiria, assim, toda a sua dimensão, já que o significado de docere, em latim é “ensinar”.

UMA NOVA CIÊNCIA

                [...] O crescente interesse da comunidade científica pelas medicinas não convencionais pode transformar nossa visão da natureza humana e influenciar nossa maneira de encarar a doença, a saúde e a ajuda terapêutica. Como prova, basta lembrar que, ao longo dos três últimos séculos, cada etapa do progresso científico contribuiu para a evolução do conceito de doença. Esta foi sucessivamente definida como disfunção orgânica, dano celular, desequilíbrio molecular e, mais recentemente, anomalia genética. Todavia, uma doença não se resume a isto. A doença é “algo” que causa sofrimento ao indivíduo. Sem meios de alcançar e tratar objetivamente as múltiplas dimensões da pessoa humana, a medicina reducionista é incapaz de quantificar ou estabelecer modelos para o sofrimento físico, emocional e intelectual dos doentes. Quanto mais ela se especializa e se interessa pelos detalhes, menos está em condições de compreender e aliviar o indivíduo globalmente. É ai que as práticas alternativas tem um papel a desempenhar.
                Trata-se, portanto, de traduzir os conceitos holísticos das medicinas alternativas e complementares nos termos da cultura científica moderna. Não é uma tarefa fácil. Para tanto, os métodos da ciência reducionista destinam-se a avaliar os efeitos de um tratamento preciso em manifestações patológicas bem definidas. Porém, no caso de muitos tratamentos alternativos e complementares, apresenta-se a necessidade de avaliar a eficácia de agentes complexos [...] no indivíduo em sua globalidade. Assim, o reducionismo analítico não parece adequado para estudar as terapias não convencionais. Com isto, vários especialistas sugerem que seja criada uma “ciência epimédica” capaz de estudar o efeito de agentes complexos no supersistema que é um ser humano, considerado em todas as suas dimensões.

COMPREENDER MELHOR O SER HUMANO

                [...] Para o naturopata e osteopata Leon Chaitow, responsável por um programa de ensino na Universidade de Westminster, em Londres, se quisermos criar clínicas de “medicina integrada” será necessário compreender e assimilar a linguagem dos outros, colocar o paciente no centro de todas as preocupações e deixar de lado os problemas de ego. O ego é humano. Logo, também é da esfera da medicina. Podemos encontra-lo tanto nos profissionais alternativos quanto nos médicos convencionais. O problema não é novo, pois, já no século XVII, Molière o denunciava em seu teatro, no qual muitas vezes o interesse do paciente é relegado em benefício do interesse da medicina e dos médicos.
                [...] Atualmente, certas instituições das culturas tradicionais são explicadas racionalmente por nossa cultura científica. Outras mantem-se totalmente estranhas ao pensamento médico ocidental. Isto não deveria constituir obstáculo para o estudo das medicinas alternativas e complementares. Ao contrário, a verdadeira atitude científica consiste em observar os fatos, tentar reproduzi-los e procurar entender seus mecanismos. [...]
                Às vezes, o desejo de explicar tudo em termos científicos leva a verdadeiros delírios. Nesses casos, mais vale admitir a validade de certas metáforas com o intuito de poder traduzi-las na linguagem da ciência moderna. Tanto mais que, na velocidade em que progride o conhecimento científico, cabe esperar que não leve muito mais tempo para que seja superado o abismo que separa as medicinas alternativas e complementares da medicina convencional. Já começamos a aceitar, por exemplo, a ideias de que o psiquismo age no corpo e, em contrapartida, o estado do corpo influencia os processos cognitivos e as vivências emocionais. Estudos de vanguarda indicam que o conceito oriental de energia é uma realidade fisiológica, bioquímica e eletrônica – um suporte da informação que organiza a matéria viva. Certos pesquisadores acreditam que os campos eletromagnéticos emitidos pelo corpo permitem uma comunicação sutil e invisível entre os indivíduos. Os laboratórios das grandes universidades se interessam pela influência do amor e das emoções positivas na boa saúde do corpo e do espírito. Fluidez e coerência estão no centro das investigações científicas. Novos modelos são inventados para descrever o humano.
                Por que ficamos doentes? O que desencadeia a cura? O ser humano inventou numerosas medicinas para aliviar suas tensões e dores. Como estabelecer vínculos e construir passarelas entre essas diferentes abordagens? Medicinas do espírito que agem sobre o corpo. Medicinas do corpo que agem sobre o espírito. Medicinas de energia que cuidam do corpo e do espírito. A compreensão dessas diversas práticas terapêuticas representa uma oportunidade única de situar novamente o ser humano enquanto pessoa física, emocional e intelectual no centro do debate científico. Esta é também uma oportunidade inesperada de inventar soluções mais adaptadas à evolução de nossas sociedades, defrontadas com a urgência de preservar o planeta em que vivemos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012


Acupuntura funciona mesmo

Estudos mapeiam seus efeitos no cérebro e revelam seu poder contra as dores e os transtornos emocionaispor Diogo Sponchiato
Se ainda havia algum ocidental desconfiado que, a exemplo de São Tomé, precisava ver para crer o resultado de uma porção de agulhas finíssimas sobre o corpo, ele provavelmente deixará suas suspeitas de lado ao saber o que andam desvendando neurocientistas ao redor do globo. Na Inglaterra, uma equipe da Universidade de York acaba de exibir, por meio de imagens de ressonância magnética, que uma espetada em um ponto da mão reduz a atividade de áreas do cérebro que regem a percepção da dor. Enquanto isso, nos Estados Unidos, um experimento com camundongos da Universidade de Rochester endossa o efeito analgésico da técnica oriental ao provar que ela estimula a liberação de uma molécula, a adenosina, responsável por aliviar o desconforto. São provas, vistas a olho nu ou sob a lente do microscópio, que permitem à ciência deste canto do mundo reconhecer o que os sábios chineses já apregoavam sobre o método que ganha milhões de pacientes no Brasil e no resto do Ocidente. 

"A acupuntura trabalha com estímulos em determinadas regiões do corpo que exercem um reflexo sobre outras", explica a médica acupunturista Angela Tabosa, chefe do Laboratório de Pesquisa Experimental em Acupuntura da Universidade Federal de São Paulo. "Essas respostas são, por sua vez, intermediadas pelo sistema nervoso", completa. É que as agulhas inseridas disparam impulsos que viajam pela rede nervosa até provocarem reações no cérebro. Esse mecanismo é imediato e, por interferir na massa cinzenta, surte efeitos mais duradouros. "A técnica tem uma ação sobre a musculatura, ajudando-a a relaxar, e incita, na medula, a produção de substâncias que inibem a passagem dos impulsos dolorosos", conta Dirceu de Lavôr Sales, presidente do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura. "No cérebro, ela induz a liberação de neurotransmissores com função analgésica e outros por trás da sensação de bem-estar." Dessa forma, alfinetam as dores, espetam, ou melhor, espantam o estresse e ganham papel de protagonista ou ator coadjuvante no desarme de uma lista de problemas. 

Para botar no papel todas as indicações da acupuntura, seria preciso preencher um extenso pergaminho da China antiga. As agulhas, é claro, não são uma panaceia, mas surpreendem até os olhos céticos. Em uma experiência com ratos que sofreram lesões na coluna vertebral da Universidade Kyung Hee, na Coreia do Sul, por exemplo, os animais que foram submetidos às espetadas se recuperaram e voltaram a andar mais cedo do que os bichos livres das picadas. A acupuntura coibiu inflamações e impediu, assim, a destruição progressiva de células nervosas da coluna. É esse poder anti-inflamatório, aliás, que garante à terapia lugar de destaque no combate a asma, dores crônicas… 

Outra virtude da técnica é equilibrar as emoções, debelar a ansiedade e o desânimo e reforçar o adeus aos vícios. "Ao modular a ação da dopamina, um neurotransmissor ligado ao prazer, o método ajuda a suprir a necessidade da droga", explica Angela Tabosa. Nesse sentido, até a obesidade entra na dança. "As agulhas auxiliam a reduzir a compulsão por comida", afirma a pediatra e acupunturista Márcia Yamamura, coordenadora do Centro de Estudo e Pesquisa da Medicina Chinesa, em São Paulo. 

As picadas prestam serviço a todas as idades e se revelam generosas às gestantes. Um trabalho da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, aponta que elas aliviam a depressão durante a gravidez. "É uma forma de estimular o organismo a fabricar neurotransmissores como a serotonina, em baixa no distúrbio", explica Dirceu Sales. "Na gestação, a acupuntura também minimiza as náuseas, a azia, a insônia e as dores nas costas", enumera o médico acupunturista João Bosco Guerreiro da Silva, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, no interior paulista. 

Mesmo quem não guarda no ventre uma criança ou está são e salvo de doenças pode tirar proveito das agulhas. "O ideal é que elas fossem usadas de modo preventivo, afastando um problema antes de ele se manifestar", opina Angela. Como abafam o estresse, também derrubam o risco de ficar de cama. A garantia de tanto benefício depende, vale frisar, de um terapeuta qualificado. "A acupuntura só é contraindicada quando o profissional não sabe usá-la ou desconhece recursos terapêuticos melhores para o paciente, permitindo, assim, a postergação de problemas que podem ser fatais", alerta Ruy Tanigawa, presidente da Associação Médica Brasileira de Acupuntura. Do contrário, está liberada para entrar em cena, isto é, na sua pele.

Aplicações
• alergia 
• asma 
• dor de cabeça 
• dor nas costas 
• doenças das articulações 
• hipertensão 
• fibromialgia 
• dores musculares 
• gastrite e refluxo 
• síndrome do intestino irritável 
• constipação 
• tensão pré-menstrual e menopausa 
• depressão e ansiedade 
• gravidez 
• sequelas de derrame 
• doenças da pele 
• obesidade 
• endometriose 
• insônia 
• distúrbios hormonais 
• efeitos colaterais da quimioterapia

Para todos os gostos
Conheça as principais variações do método. Os pontos utilizados são os mesmos, mas nem sempre há necessidade de agulhas
EletroacupunturaAs agulhas são conectadas a um aparelho que emite correntes elétricas. A ideia é que os estímulos mais intensos possam acelerar a resposta à terapia. A técnica é recomendada no tratamento de dores agudas. 

Raio laser
O aparelho é direcionado aos pontos onde seriam inseridas as agulhas. Os terapeutas costumam recorrer a esse método em crianças e no caso de pessoas que têm pavor das espetadas. 

Moxabustão
O estímulo é feito por meio do calor, obtido com a queima de uma planta, a artemísia. Pequenos bastões acesos são aproximados das regiões que tradicionalmente receberiam as picadas. 

Por sistemasSão as versões que priorizam partes do corpo para conseguir respostas sobre todo o organismo. Entre as mais famosas, estão a auriculopuntura, que usa pontos na orelha, e a craniopuntura, que se vale do couro cabeludo.


Acupuntura age na luta contra as dores causadas pela LER

Uso excessivo de computador e movimentos repetitivos causa tendinite



      A LERlesão por esforço repetitivo, conhecida também como tendinite, é um problema comum que atinge grande parte das pessoas que usam excessivamente o computador. A pesada rotina de trabalho e os esforços repetitivos faz com que tendões, articulações, nervos, músculos inflamem, causando dores e lesões. As áreas mais afetadas pela doença são os braços, mãos e ombros.
      Se diagnosticada no início, o tratamento da LER pode ser muito eficaz. Segundo a Dra. Aparecida Enomoto, especialista no assunto, a acupuntura é altamente recomendável no tratamento de dores e problemas musculares pois ela age diretamente nos pontos inflamados e doloridos. Muitos pacientes tem buscado o uso da acupuntura como tratamento de tendinite para fugir das fortes medicações tradicionais, que muitas vezes são ineficientes. O principal objetivo é agir contra as dores, que tanto incomodam os pacientes.
      O tratamento se dá na inserção de agulhas nos meridianos do corpo. Os pontos são escolhidos de acordo com o pulso do paciente. A sessão dura em torno de 30 minutos e recomenda-se uma sessão por semana durante três meses e após este período é feita a reavaliação para estabelecer em que periodicidade se fará o controle.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Acupuntura estimula memória e aprendizado



     Estudo experimental, realizado por alunos de medicina da Unifesp, confirma efeitos da técnica em ratos: os que receberam aplicações apresentaram melhor desempenho





     Cena que já foi comum na cozinha de Silma Heliana Ferreira, de 42 anos: dezenas de ímãs grudados na porta da geladeira, disputando espaço com outro tanto de bilhetes e recados. Nos últimos meses, porém, isso mudou. Ela começou a fazer sessões de acupuntura para evitar a ansiedade e o estresse. Como resultado, percebeu que a falta de memória diminuiu sensivelmente. Além disso, a papelada que ela precisava manter na geladeira sumiu.

     "Acho que minha memória melhorou por eu me sentir mais calma e relaxada", diz Silma, que também enfrentava dificuldades em seu trabalho de assistente administrativa. "Esquecia onde guardava as coisas e tinha que ler várias vezes um texto para compreendê-lo", lembra.

     O relato dela se aproxima ao de milhares de pessoas que recorrem à acupuntura e notam mudanças na memória e no aprendizado. Uma pesquisa experimental da Unifesp dá pistas para entender casos assim. O trabalho de Fernando Kawano e Márcio Makoto Nishida, alunos do quinto ano de medicina, mostra que ratos submetidos à aplicação de acupuntura nos pontos E-36 (Zusanli) e BP-6 (Sanyinjiao) tiveram a memória potencializada, mesmo depois de submetidos a estresse por choque e imobilização.

     "A acupuntura foi eficaz em avaliações realizadas logo após a experiência e até uma semana depois", comenta Angela Tabosa, professora do Setor de Medicina Chinesa da disciplina de Ortopedia e Traumatologia da universidade e orientadora da pesquisa. O estudo, que foi apresentado no 11º Congresso de Iniciação Científica da Unifesp, analisou os índices de fugas bem-sucedidas dos animais. Eles foram confinados num local fechado e passaram por um processo para aprender como fugir.

     Os pesquisadores separaram os ratos em dois grupos. O primeiro foi submetido a estresse na caixa de esquiva - compartimento composto por dois recintos distintos, no qual, em um deles, uma corrente elétrica de baixa intensidade era acionada em intervalos fixos. Os ratos do segundo grupo, considerado controle, não foram expostos aos estímulos elétricos. Eles permaneceram no mesmo compartimento por uma hora para se familiarizarem com o ambiente.

     A segunda parte do estudo envolveu o aprendizado da fuga. Todos os animais avaliados, inclusive os do grupo controle, foram colocados na caixa de esquiva. Eles ficaram num compartimento com uma porta de intercomunicação para possibilitar que fugissem do choque. A abertura da porta ocorria assim que uma luz fosse acesa, como uma espécie de alerta.

     Antes dessa fase, entretanto, os ratos do primeiro grupo foram divididos em quatro subgrupos, sendo que cada um deles recebeu choque; choque e imobilização; choque, imobilização e acupuntura; e choque, imobilização e acupuntura em pontos falsos, respectivamente. Todos os animais foram avaliados após os estímulos nocivos nos intervalos de uma hora, 48 horas e uma semana, para verificar a memorização do aprendizado.

     Os ratos que receberam acupuntura nos pontos relacionados à memória logo após os estímulos estressantes conseguiram fugir em 80% dos 30 testes realizados. Esse desempenho se aproxima ao do grupo controle, que teve 77% de fugas bem-sucedidas. Entre os que não receberam acupuntura após o estresse, o maior índice de sucesso foi de 62%.

     "A idéia agora é analisar os efeitos das agulhas na memória e no aprendizado de seres humanos", afirma Angela Tabosa, a orientadora do trabalho. Segundo ela, já está em andamento a criação de um protocolo de pesquisa, que será realizada na Unifesp com essa finalidade.


ANA CRISTINA COCOLO

quinta-feira, 14 de junho de 2012


AS EMOÇÕES SEGUNDO A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA


      Na Medicina Chinesa as emoções, como elementos causadores de doenças, são estímulos mentais que perturbam a Mente (SHEN residente no Coração), a Alma Etérea (Fígado) e a Alma Corpórea (Pulmão) alterando o equilíbrio entre os órgãos internos e a harmonia do Qi (energia) e do Sangue. Por isso, o stress emocional é nocivo para o organismo como um todo, pois prejudica os órgãos diretamente. Em contrapartida, o estado dos órgãos internos igualmente afeta o estado emocional do indivíduo. Existe uma interdependência contínua e dinâmica dos órgãos com a emoção (Yang) e da emoção com o funcionamento (Yin) dos órgãos.

      A primeira coisa a ser afetada pelo stress é a circulação e a direção apropriadas do Qi (energia) e cada emoção produz um efeito particular na circulação do Qi (energia). Segundo textos tradicionais chineses “a Raiva faz o Qi (energia) subir, a Alegria excessiva, Euforia retarda o Qi (energia), a Tristeza dissolve o Qi (energia), o Medo faz o Qi (energia) descer, o Choque por sua vez dispersa o Qi (energia) e o Pensamento forçado prende o Qi”.

      O efeito de cada emoção em um órgão específico não deve ser interpretado de forma muito restrita. O efeito de uma emoção também depende da característica constitucional do indivíduo. Se ele apresentar, por exemplo, uma fraqueza constitucional do Coração, o Medo, que vem relacionado à força de Vontade e corresponde ao Rim, irá neste caso indicar que foi o Coração o sistema afetado. Evidentemente teremos aí outros fatores que denunciarão esta deficiência. De qualquer forma o Coração será diretamente afetado, uma vez que ele abriga a Mente (Shen) e recebe toda carga emocional direta ou indiretamente. Os chineses levam em consideração vários fatores como estando envolvidos no processo de desequilíbrio e adoecimento, tais como má alimentação, fadiga, sedentarismo; mas, sobretudo, consideram as emoções negativas como fatores fundamentais para o desequilíbrio energético e físico. Consideram que a manutenção de emoções como o medo, raiva, tristeza, ódio, mágoa e outras são responsáveis pelo surgimento das mais diversas doenças, devendo estas então ser tratadas e superadas.
 
Fonte: Fabiana Colaço 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Dr. Evaldo Leite - Acupuntura: quem pode praticá-la, com bom senso e inteligência.



Entrevista com o grande acupunturista Evaldo Leite, mestre com quem tive a honra de ter aula.
     "Honra e grande privilégio de entrevistar Dr. Evaldo Leite, professor de ética, moral, filosofia, postura de vida e Acupuntura, entre tantas outras coisas. Lições para todos nós, inclusive para médicos, formados e recém-formados, juízes e magistrados sobre a realidade da prática da Acupuntura. Imperdível." (João Carlos Baldan)






Acupuntura e o Equilíbrio Emocional





     No mundo moderno, a Acupuntura tem conquistado, cada vez mais, espaço e adeptos. Porém, muitas pessoas ainda não tem uma noção clara sobre como ela funciona. A acupuntura é uma técnica de tratamento da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que consiste no estímulo de pontos determinados da superfície da pele, localizados nos meridianos (canais de energia), com o objetivo de equilibrar a energia vital (Qi) do ser humano. Podem ser utilizadas neste processo agulhas, ventosas, massagens, e até o calor (moxabustão).
     A saúde depende de inúmeras interações possíveis entre o ambiente, as emoções, a alimentação e o estilo de vida de cada um. O equilíbrio entre o indivíduo e o meio não é estático, mas dinâmico como a própria natureza. O corpo adoece quando perde seu poder de se adaptar ao meio externo.
     Dentro da concepção chinesa, a doença é uma manifestação de desequilíbrio dessa energia, e a acupuntura seria uma forma de readquirir a harmonia perdida. Conforme a MTC, os fatores de adoecimento podem ser de origem interna, externas, ou ambas. São considerados fatores internos a estrutura genética e hereditária, o modo de vida e os sentimentos. Os fatores externos dependem do clima, em suas manifestações, e do meio ambiente.
     Dentre os fatores de adoecimento internos estão as emoções. As emoções em si não são causadoras de doenças, pois são inerentes a natureza humana. É normal que as pessoas sintam uma variedade de emoções em diferentes circunstâncias. Porém quando as emoções são prolongadas, intensas, reprimidas ou não admitidas, afetam o equilíbrio interno do indivíduo, levando a uma alteração do fluxo de energia, tornando-se causas de desarmonia nos órgãos e vísceras, gerando doenças. Da mesma maneira, as desordens de órgãos e vísceras geram alterações emocionais e distorção da realidade.
     Com a abordagem psicossomática e as terapias com enfoque corporal, passou-se a acreditar que as doenças físicas como gastrite, cefaléia, dores articulares e o câncer teriam como base alterações emocionais. A doença não surge de uma hora para outra; é fruto de uma sucessão de experiências estressantes acompanhadas por uma fragilidade do mecanismo de proteção.
     O acupunturista está sempre atento ao aspecto emocional de seu paciente, que pode ser gerador de patologias internas ou agravador de doenças já existentes. Com a acupuntura busca-se tratar a pessoa como um todo, a origem dos problemas, e não apenas um sintoma específico. Por este motivo dá-se tanta importância as desordens emocionais do paciente, além das queixas físicas.
     É um tratamento eficiente em distúrbios como insônia, ansiedade, falta de libido, dores, até doenças mais complexas como síndrome do pânico, depressão, entre outras. A acupuntura promove o equilíbrio físico e mental, aumentando a produção de endorfina e serotonina, responsáveis pela sensação de bem estar, sem agredir o corpo e a mente.

Acupuntura no Tratamento da Ansiedade e Depressão



   A acupuntura é uma técnica milenar da Medicina Tradicional Chinesa que sustenta que o corpo humano atua como um pequeno universo conectado por canais energéticos, pelos quais percorrem a energia vital (Qi). A estimulação física, que envolve a inserção de agulhas em pontos destes canais, promove a autorregulação das funções do corpo gerando saúde ao paciente, pois restaura o equilíbrio, previne e trata doenças.
Nos dias de hoje é muito comum as pessoas sofrerem de distúrbios como ansiedade, depressão, pânico, estresse e insônia. O ritmo acelerado da vida moderna resulta em falta de tempo, excesso de trabalho, trânsito caótico e problemas familiares, que diminuem a qualidade de vida e causam doenças.
   A ansiedade é a sensação de apreensão ou receio, sem causa real. É normal sentir um pouco de ansiedade, em graus aceitáveis, porém ela se torna patológica quando a pessoa sente medo ou tensão por tempo prolongado. A pessoa ansiosa somatiza suas fraquezas psíquicas, podendo sofrer de dores de cabeça, dores difusas, gastrite ou úlcera, insônia, problemas sexuais, entre outros sintomas.
   A depressão é um distúrbio comum entre a população geral, sendo um estado de alteração das emoções e do ânimo, que leva a alterações físicas, emocionais e mentais. Os sintomas da depressão são muito variados, como sensações de tristeza, pensamentos negativos e/ou suicidas, até alterações da sensação corporal, como dores, desconforto no batimento cardíaco e enjoos. Normalmente a pessoa apresenta perda de energia ou interesse, dificuldade de concentração, alterações do apetite e do sono, lentificação das atividades físicas e mentais, sentimento de pesar ou fracasso.
   A acupuntura tem sido muito procurada por pessoas que buscam uma terapia alternativa e natural para aliviar a ansiedade e a depressão, além de outros transtornos como síndrome do pânico e distúrbios alimentares. Acupuntura promove o equilíbrio físico (biológico) e mental, aumentando a produção de endorfina e serotonina, responsáveis pela sensação de bem estar, sem agredir o corpo e a mente.
   Existem diversos estudos científicos que comprovam a eficácia da acupuntura para estes fins, podendo ser facilmente associada a outros tipos de tratamentos como o medicamentoso e a psicoterapia. Durante a sessão o paciente experimenta a agradável sensação de leveza, induzida pelo estímulo dos pontos de acupuntura.

Acupuntura Estética



        A partir do momento em que o conceito de saúde passou a ser a harmonia entre a mente, corpo e espírito, a estética passou a ter importância, principalmente por ter implicação emocional, resultando, em alguns casos, no desequilíbrio desta harmonia.
        Através dos conhecimentos chineses sobre saúde e da evolução do conhecimento científico do funcionamento da acupuntura foram desenvolvidas as técnicas da acupuntura estética.
        A principal diferença dos tratamentos estéticos comuns, além de não necessitar tempo de recuperação, é que a acupuntura considera o paciente como um todo. Normalmente os problemas estéticos têm ligação com o desequilíbrio da energia dos órgãos internos.
        O tratamento estético por acupuntura é feito da mesma maneira que as sessões de acupuntura para doenças. A homeostase, ou equilíbrio energético é conseguido através da estimulação de determinados pontos situados nos canais energéticos, atuando tanto na queixa estética do paciente, quanto no equilíbrio do organismo, aumentando a imunidade e prevenindo doenças.
        A acupuntura pode tratar uma série de alterações inestéticas:
        Facial: rugas e linhas de expressão, flacidez, manchas de pele, acne, olheiras.
     Corporal: gordura localizada, flacidez abdominal e de membros, estrias cutâneas, celulite, obesidade, cicatrizes hipertróficas e queloides, vitiligo e psoríase.

Acupuntura: Uma Visão Científica


ACUPUNCTURE: A SCIENTIFIC VISION.

Héleni Cristiane Medina Mettifogo[1], Roberto Alva[2], UNIGRAN.
Biomedicina, Universidade da Grande Dourados, Dourados/MS, Brasil.
   


RESUMO
A acupuntura é uma técnica utilizada para o tratamento e cura de enfermidades, que age através da inserção de agulhas em pontos específicos, que foram empiricamente descobertos ao longo de milhares de anos pelos chineses. Para a medicina tradicional chinesa a acupuntura age equilibrando a energia vital (Qi), que está em excesso ou em falta no estado patológico. Esta explicação filosófica, não convence os profissionais da medicina ocidental moderna, que buscam elucidar seus os mecanismos de ação por meios científicos. Pesquisas recentes revelam as propriedades dos pontos e meridianos da acupuntura, e a forma como estes podem agir no organismo, explicando os resultados obtidos pelo agulhamento. Ensaios clínicos demonstram que a acupuntura é eficaz no tratamento e cura de diversas patologias, embora a maioria desses estudos necessite de maior rigor científico. A elucidação dos mecanismos de ação da acupuntura e a comprovação científica de sua eficácia têm muito a contribuir para a melhora da saúde de um modo geral e para a evolução da medicina ocidental e oriental.

Palavras-chaves: Acupuntura. História. Mecanismo de Ação. Aplicações. Eventos Adversos.

ABSTRACT
Acupuncture is a technique used for the treatment and cure of diseases that act through the insertion of needles in specific points, which had been discovered experimentally throughout thousand of years by the Chinese. For the Chinese traditional medicine the acupuncture acts balancing the vital energy (Qi), that is in excess or lack in the pathological state. This philosophical explanation does not convince the professionals of the medicine occidental modern, whom try to elucidate its mechanisms of action in scientific ways. Recent research discloses the properties of the points and meridians of acupuncture, and the form as they can act in the organism, explaining the results obtained through the needling. Clinical assays demonstrate that acupuncture is efficient in the treatment and cure of diverse illness, even so the majority of these studies need more scientific severity. The elucidation of the action mechanisms of acupuncture and the scientific evidence of its effectiveness have much to contribute for the improvement of health in general and for the evolution of the occidental and oriental medicine.

Keywords: Acupuncture. History. Action Mechanisms. Applications. Adverse Events.

INTRODUÇÃO

Para entender como a medicina tradicional chinesa age é necessário conhecer em que se baseiam suas técnicas, ou seja, conhecer suas teorias para só então procurar compreender seus mecanismos. O objetivo desta pesquisa é descrever no que se baseiam as técnicas da medicina tradicional chinesa, da acupuntura especificamente, e apresentar algumas patologias onde a acupuntura pode ser utilizada como tratamento ou terapia, e seu mecanismo de ação, pois se acredita que a insuficiência de estudos científicos que comprovem com veemência o mecanismo de ação das agulhas na medicina ocidental moderna, ou seja, demonstrações científicas desse método, possam interferir na aceitação do tratamento com base na Medicina Tradicional Chinesa.
A acupuntura é o conjunto de conhecimentos teórico-empíricos da medicina chinesa tradicional que visa à terapia e a cura das doenças através da aplicação das agulhas e de moxas, além de outras técnicas (WEN, 2005). O reconhecimento da eficácia da acupuntura não depende da demonstração empírica de seus resultados. Problemas metodológicos e conceituais dificultam o estabelecimento de seu valor terapêutico, com base na ciência ocidental moderna (PALMEIRA, 1990). As recentes pesquisas científicas muito têm contribuído para uma maior compreensão da acupuntura. Além dos conceitos já bem conhecidos, existem mecanismos neurológicos e neuroendocrinológicos; a acupuntura tem provado ser eficaz em relação aos sistemas alérgico e imunológico. Apesar de ser uma ciência antiga, continua sendo um campo aberto à pesquisa e a novos conhecimentos (WEN, 2005).
         As teorias explicativas com bases científicas – corretas ou não – são inúmeras, o que por si só demonstra que nenhuma delas é satisfatória. Algumas dessas teorias são: enzimática, histamínica, galvânica ou eletrônica, irritativa, reflexoterápica, embrionária, excitação do sistema reticuloendotelial, integração neuroendocrinovascular, endorfínica, etc. (CORDEIRO et. al., 2001).
Apesar da eficácia demonstrada em várias situações, a carência nas bases científicas da acupuntura ou na compreensão de sua linguagem tem restringido seu uso. A pesquisa da acupuntura reveste-se, portanto, de grande interesse, na medida em que poderá traduzir estes conhecimentos milenares, contribuindo para sua aceitação e incorporação. Ao mesmo tempo, poderá colaborar com avanços na medicina de forma geral, e da neurofisiopatologia em especial. De qualquer forma, o bem-estar humano e animal será beneficiado (SCOGNAMILLO-SZABÓ, BECHARA, 2001).

METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado através da revisão bibliográfica de dados sobre a medicina tradicional chinesa, com ênfase na técnica da acupuntura. Estes dados foram obtidos por meio de livros, artigos publicados em revistas científicas periódicas e artigos científicos publicados em revistas on-line da área médica como Scielo, The Lancet, Biomed Central, utilizando a palavra chave “Acupuntura”.

DISCUSSÃO

A acupuntura é uma técnica terapêutica milenar que tem sido assunto de muitas pesquisas científicas realizadas nos últimos anos (PALMEIRA, 1990). Acreditava-se que a acupuntura não possuía nenhum fundamento científico, uma vez que sua utilização como forma de tratamento se baseia em conceitos abstratos da filosofia Taoísta, como a teoria do Yin-Yang, teoria dos cinco elementos, dos meridianos e da energia vital Qi(SCOGNAMILLO-SZABÓ, 2001; JAMIL, 2001). A opinião das pessoas em relação à acupuntura começou a mudar após os resultados que estão sendo obtidos com estas pesquisas (WEN, 2005; FERREIRA, 1985). Vários estudos demonstram que os pontos utilizados por esta terapia estão localizados em regiões da pele que possuem menor resistência elétrica basal, e que o potencial elétrico dessas áreas varia segundo influências de fatores como doenças, fadiga, emoções e fatores ambientais. Além disso, estes pontos possuem propriedades diferentes das outras regiões do corpo por se localizarem em sítios mais vascularizados, com maior concentração de terminações nervosas, maior concentração de células como mastócitos, entre outras (SANTOS, 2003; JAMIL, 2001; AHN, 2005).
O mecanismo de ação da acupuntura tem sido associado ao estímulo neuro-humoral para a liberação de certas substâncias como norepinefrina, endorfina, encefalinas, serotonina e a liberação ou inibição de algumas substâncias que atuam na sensação da dor. Também estariam envolvidos mecanismos de vasoconstrição ou vasodilatação que resultam no aumento de células leucocitárias (BICUDO, 2005).
A existência dos meridianos parece estar associada ao tecido conectivo frouxo, que seria responsável pela condução do estímulo ocasionado pelo agulhamento e pelos efeitos distais obtidos com a acupuntura. Alguns estudos também demonstram que os acupontos estão localizados em locais com maior espessura desse tecido (AHN, 2005; WIEGELE, 2006; LANGEVIN, 2002).
A grande maioria das pesquisas que buscam avaliar a eficácia ou não da acupuntura tem se mostrado a favor da mesma (TABOSA et al., 2002; YENG, 2001; BALLEGAARD, 1998; THORER, 1996; HE, 2005). Estes resultados levaram a Organização Mundial de Saúde a reconhecer a eficácia da acupuntura no tratamento de várias patologias, dentre elas sinusite, rinite, amigdalite, bronquite e conjutivites agudas, faringite, gastrite, duodenite ulcerativa e colites agudas e crônicas (SCOGNAMILLO-SZABÓ, 2001).
Muitos autores discorrem sobre a existência de dificuldades na realização de uma pesquisa com modelos rigorosos de avaliação. Os profissionais acupunturistas defendem que o tratamento tradicional consiste na avaliação individual dos pacientes e que o fato de os estudos clínicos serem realizados sob um padrão de pontos selecionados para a terapia pode interferir nos resultados obtidos (DULCETTI JUNIOR, 2001; WEN, 2005). Apesar da grande quantidade de ensaios clínicos realizados nessa área, estes têm apresentado importantes deficiências metodológicas, que devem ser corrigidas para a obtenção de resultados legítimos (CHAMI, 1998; CARNEIRO, 1997/1998; FERREIRA, 1999; SILVA, 2005; TABOSA, 2002).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se observa, a acupuntura é uma forma de tratamento que tem se mostrado eficaz para muitas patologias, tanto agudas como crônicas. Apesar das muitas pesquisas já realizadas, ainda existe uma carência de bases científicas e de estudos bem elaborados que demonstrem o seu mecanismo de ação de maneira satisfatória. Enquanto isso, a acupuntura, assim como outras terapias denominadas alternativas ou complementares, enfrenta uma dificuldade quanto a sua aceitação na sociedade ocidental. O tratamento pela acupuntura tradicional busca o equilíbrio do organismo como um todo, e apesar da eficácia comprovada, existem algumas patologias que não podem ser tratadas pela medicina tradicional. Portanto, as pesquisas nesta área são de grande interesse para humanidade, pois poderá colaborar com avanços tanto da medicina ocidental quanto da medicina oriental.
Mesmo com a carência de explicações científicas para os resultados obtidos com esta técnica, a acupuntura está sendo cada vez mais difundida por todo o mundo. Apesar de apresentar raros efeitos adversos mais graves, a falta de regulamentação e fiscalização da acupuntura pode resultar na formação duvidosa de alguns profissionais, sujeitando os pacientes a riscos que poderiam ser facilmente evitados, sendo de fundamental importância que as autoridades responsáveis tomem as atitudes cabíveis para a melhora do atendimento oferecido aos pacientes que buscam esta forma de tratamento.

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[1] Acadêmica do Curso de Biomedicina da Universidade da Grande Dourados.

[2] Professor do Curso de Biomedicina da Universidade da Grande Dourados.